quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Sopro por favor

Vigio as cortinas imóveis na madrugada ao som do bom rock n roll. Só. Estou bem, no meu quarto/casa...gosto desse espaço enorme onde os pensamentos correm no fundo musical escolhido...gosto do silêncio das minhas noites parisienses de sono tranquilo...gosto de me cuidar. Gosto, mas nem sempre sei, e me deixo pensar no que não devo. Deixo que pense em tudo e mais um pouco, e prefiro as bobagens trocadas na internet aos fundos porões de reflexões bestas que só podem terminar em lágrimas. Na minha solidão das cortinas múmia também se chora...mas também se ri! às gargalhadas nas tardes de frio em Paris! A cidade é meio maior colo, sentada aqui, nesse quarto enorme, tenho impulsos de correr à torre e deixar que a luz amarela me faça esquecer de tudo e de todos. E por vezes corro de volta ao meu quarto quentinho pra descansar os pés gastos na cidade luz. Um livro me olha de rabo de olho da mala que virou mesa de cabeceira, a clarineta montada na estante me tenta no meio da noite proibida...e o fiel companheiro do quadro tem olhos de fome, deve ser o cachorrinho mais esfomeado que já virou quadro. Fico aqui nessa cama maior do que imaginava, sentindo falta de quem a ocupe...fico boba a pensar sonhos perdidos, fico alegre repetindo pra mim que moro em Paris...essas coisas bobas que a gente faz quando consegue o que queria muito. E as cortinas continuam lá, paradas, como se esperassem algo mais. Chega ! Fiz de tudo ! Faço de tudo ! Parem de esperar tanto assim...sou menina, moça, mulher, mas humana e tudo que posso fazer farei...e como não sei mais o que pode ser feito ao menos balance, me dê uma dica...qualquer sopro de esperança.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sena, Paris 13 de novembro 2013

Désolé...
Desolada
Sem caminho
Sem estrada
Nostalgia
Perdição

Fui flanar
Pelas margens
Fui amar
Desarmada
Fui chorar
Sem perdão

Agradeci
Senti o vento
Sorri...
Ao relento
Me amei
Nos amamos   

Somos um
Somos todos
O Sena e eu
Como irmãos 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Paris, biblioteca

Engenheiros.
Embalando a noite em Paris.
Engenheiros, Pink Floyd, ...
Embalando a noite em Paris nos embalos de quem desceu do trem.
Engenheiros, Pink Floyd, Sir Paul, ...
Embalando a noite pós trem no quarto biblioteca.
Sartre, Camus... e Pessoa também... em uma noite na cidade luz.
E a dama nua na parede me olha invejosa, sua pele porcelana não colore como a minha.
Engenheiros, Pessoa, trem descarrilhado, Sir Paul, embalos... os seios nus da moça... a pele caramelo no branco dos lençóis...
Engenheiros... onde estou?
E a dama me olha invejosa... enquanto desejo livros da estante... e a música me embala para fora dos trilhos.
...Beirute, Beatles, Pink Floyd... pele caramelo, quente, brilhante... a moça nua na parede... o suor em Paris...
Engenheiros?

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

no corredor da sala de francês


pourquoi?
pour! quoi?
pour...toi.
par...fois
pour la foi
sans avoir
plus que ça
pour......toi.....
très! tard.
sans toi
pourquoi?
parce que!

en attendent le cours de français

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Paris 14 septembre 2013


A chuva limpa insistente as ruas da bela Paris
Nada jamais poderá me limpar, ou recuperar a beleza do intocado
Me escondo do frio, mas merecia um banho de alma, um recomeço
Um enorme esquecer

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Peregrinação


Cheguei atrasada apesar da intenção de sair cedo, e por isso, ao fim das quatro horas de trabalho, o dia escurecia em noite. Evitando andar desacompanhada no centro escuro da cidade, escolhi o trajeto de ônibus mais longo, passando pela praça sete. Às cinco e meia, Belo Horizonte ferve, e os carros circulam pelas avenidas como hemácias nas artérias de quem corre... sangue cheio, ensopando de pressa vermelha o interior da contorno.
Praça da Liberdade, aguardo sozinha, entre os muitos solitários que aguardam um sinal da felicidade, que o próximo coletivo venha me buscar. Poderia ir ao Belas e salvar a segunda feira, mas, convenhamos, já era hora de ir para casa. Na praça, cujo nome me faz respirar com mais vontade, a brisa suave ameniza a noite quente, em que os mineiros usam casacos, apenas por já ser julho.
As coxas (descobertas) da moça que enfeita a praça, entre canteiros em que brotam roseiras, desabrocha olhares. Nem todos insistem, felizmente, no frio do meio do ano. E Niemeyer deveria ter deixado de lado os babados e desenhado essas curvas torneadas no lugar do prédio de voltinhas...ao menos era o que pensava enquanto me distraía.
As luzes da rua já estão acesas e as fontes jorram para matar a sede dos olhos, que ainda procuram, na penumbra, as pernas da moça. Acesa estive o dia todo.
Se fez de vez a noite, e a lua despontou iluminada, despertando o lobo em mim. 
E o coletivo? nada.
Poderia ler um poema, mas, com tanta pressa, deixei o livro na cabeceira, e agora me resta somente esse lápis quase sem ponta e o fiel caderno azul. Aguente, não deve demorar.
A sombra dos que esperam comigo, unido-se aos corações partidos que se empilham na calçada, fazem com que ver o papel seja uma aventura desajeitada.
"Anchieta, anchieta, anchieta...", será que só passam ônibus para lá? E o chofer que deveria me buscar? Nada. A moça das belas coxas foi pra casa, eu também quero ir. Um casal passa às gargalhadas, me diga algo que me faça sorrir? E ninguém diz nada, entre os companheiros de solidão.
Já contei três "8001A", mas não importa, porque hoje não preciso dele. Passou um carro vermelho, mas a menina dos olhos doces não estava nele.
E continuei na praça, esperando poder comprar por R$2,80 a liberdade do caminho rumo ao banho. Cansei, cansamos, queremos cada um o seu ônibus. E a cidade se denuncia acordada, mas hoje é só segunda, hoje não dançarei na madrugada.
"Anchieta, anchieta, anchieta....", por que foi que não nos mudamos para lá? Não consegui me lembrar...e a espera, que agora já parecia eterna, se perpetuou. Buzinas ensurdecedoras começam a soar.
Luzes de freio vermelhas me lembram do desejo ardente e besta, os companheiros começam a ladainha acerca do trânsito, e meu ônibus? nada...e outra hora se passa. Será que dá pra morar em um desses museus?
Ia batizar o texto de "volta para casa", mas, a essa altura, considero "peregrinação", ao local sagrado que é o meu chuveiro ou a minha cama. 
Os solitários se acumulam. O ônibus aponta, entrei, mas ali, em pé como sardinha enlatada, já não posso escrever, e venho dormindo em pé, como só os mais cansados são capazes de fazer.



sábado, 6 de julho de 2013

Imagem


Minha imagem entre reflexos de espelhos paralelos, se repetindo enquanto houver luz, desaparecendo na escuridão, ninguém é infinito. E a imagem da pureza se apagou, quando o nanquim manchou a alma tão nova, que nem consigo recuperar na memória como era bela na minha inocência. A menina se perde em um corredor escuro, de um mundo muito mais assustador que o país das maravilhas. E se a vingança tem gosto de sangue, prefiro esquecer o mal que uma vez sofrido me acompanha. Há assassinos que não sabem que mataram a parte mais doce de mim. E sigo pensando entre tantas imagens refletidas...que mesmo a enorme cicatriz em meu peito se multiplica no espelho, mesmo que a vida machuque, continua, e que entre a luz e a mais profunda escuridão, repousa a esperança de que a mais pura inocência da infância volte, e me faça tão bela quanto quando menina.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Se essa rua fosse minha, eu mandava acabar


 I don't want to live forever but I don't want to die


Caminho ladrilhado
Com pedrinhas de brilhante
Tão vazio, solitário
De rumo tão distante

E o bosque
Sem anjo
Não passa de morte
Na falta de arranjo

E na eterna solidão
Bate sozinho
Inconformado coração
Percorrendo o infinito


Esperando o fim da rua sem saída.



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Fim de turnê


Chega
Acabou
Fechem as cortinas
É tarde
Estou cansada
Dormirei nas coxias

O espetáculo
Que fracasso
Tinha potencial
Choro frio
Calado
Tragicamente real

Vão embora
Não há nada
Aqui para aplaudir
É que agora
Tão sem graça
Só me resta dormir


quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ocupação


Talvez não tenham causa, talvez lutem por todas, mas se me ocupa a alma, já é uma causa boa. Vida vazia, tão sem sentido, talvez apontem direção, pouco importa se dizem sim ou não. E o corpo sem forças marcha calado, enquanto grita revolução. Quem sabe a vida aproveita e me invade o pulmão? Tão nova, tão cedo e talvez tão tarde para salvação. E como fantasmas indgnados, compondo a multidão...talvez possamos assustar alguém, além da população. Sigo a corrente, arrastada, imitando outra geração. A vida segue acanhada, com medo da repressão... Talvez seja vazio, talvez tenham razão, mas se me ocupa a alma, não é lutar em vão.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Conselho


Vive !
E vive agora, que o agora passa...
e a juventude escorre, gelada, por entre os dedos que se enrugam.
E vive sem medo de amar... que medo mata aos pouquinhos e de repente.
E ame, ame muito, que quem ama não se arrepende.



segunda-feira, 10 de junho de 2013

manchas


As forças já não me amam mais, e deixam o corpo pálido se derreter na cadeira, com as pálpebras pesadas que não conseguem descansar. E até mesmo quem dormia em pé...não dorme mais. Onde foi parar aquela luz? posso tomar de volta? estou até aprendendo a lutar...só falta saber pelo que lutarei. No momento, deixo o cansaço levar os suspiros desolados dos olhos vermelhos escorridos. enquanto a escuridão mancha de nanquim alguma inocência besta.... que se escondia amedrontada no fundo do peito.


sábado, 8 de junho de 2013

Pena


 Morrer por uma causa
 Desconhecida
 Rebelde de alma
 Desiste da vida
 Se essa não vale a pena

 E que pena é essa?
 Que nem vi ainda

 Com tanta pressa
 Nessa rotina corrida

 A pena que me escapa
 Que não para na mão
 A pena fraca
 A pena do irmão
 Que muito pesa
 Em ombro alheio
 Pena espessa
 Do outro lado do espelho

 Mas que pena
 Morrer sem saber
 Se outros viram
 A brleza que vi e amei

terça-feira, 4 de junho de 2013

. . .


Era macio,
era azul,
era quente,
era,
na verdade,
morno.
E tão leve,
e tão intenso...
tão confuso,
tão gostoso.
Era? ou é?
perfume indecente que deixou de sentir.

domingo, 2 de junho de 2013

medo


Às vezes dá um friozinho na barriga, sabe? É que vi tão pouco do que há pra se ver...vivi tão pouco, quase nada sei, não guardo certezas e o caminho a frente é um completo desconhecido...
E até agora, por mais difícil que pareça ter sido, foi tudo tão fácil. E se na próxima curva não for assim? Essa mania de virar na vida acelerando, sem medo de me mandar pro outro lado do mundo sozinha...esse costume de pular de cabeça e sentir tudo...talvez acabe me machucando muito.
Mas até hoje não me arrependi. Chorei, chorei muito, mas só chorei porque sorri. Vivi genuinamente cada alegria que atravessou a minha estrada. Não se engane, se disse que te amo, amo mesmo.
Não sei porque, mas às vezes bate um medinho bobo, medo da solidão... mesmo em uma sala lotada, sinto um vazio corroendo o peito, em um buraco negro sem fundo.
Estou sozinha, mesmo que queira estar comigo. E sozinhos todos estamos.
No castanho escuro dos meus olhos se esconde uma tristeza vazia, uma alma chora sozinha e lá no fundo, na retina, a vida ainda brilha. Então, te contei, a escuridão não enfeita textos, mora comigo.
E por que tudo isso agora? não se assuste, é só saudade, de quem sempre viu a escuridão em mim, e a amou sem limites. Sinto falta de quem mais me amou, porque também amei.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Fugindo


Estou fugindo, constantemente. Faço planos para escapar.
Sei que no fundo... continuo presa a uma espiral sem fim.
Ou um fim que nunca poderei evitar.

Arrumo as malas.
Estudo.
Abro as asas.
Sinto muito.

Ninguém pode me acompanhar.

Nessa jornada solitária,
Só levarei saudades de você.


domingo, 26 de maio de 2013

Doces como mel


Nos olhos de menina
Via o brilho da vida
Escorrer apressado

Refletia luz cristalina
Sentindo cumprir sua sina
De coração apunhalado

Lágrimas doces caindo
Pelas maçãs do rosto
Se estivesse sorrindo
Poderia sentir o seu gosto

E lembrava sem saber
Se sonhava o irreal
Se tinha que acontecer
Se alucinava o ideal

Tudo tão confuso
Nos olhos tão brilhantes
Desse amor difuso
Que durou alguns instantes

Mas corriam apressadas
As lágrimas de mel




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sobre doar vida


Eu já recebi vida.

Logo que a minha começou, mais rápido do que o planejado, precisei que fossem até lá e doassem um pouco da vida que carregavam, para que eu pudesse ter a chance de viver a minha.

Receber vida foi a melhor coisa que já me aconteceu, desde então a vivo com toda a intensidade que merece. Cada segundo é aproveitado, cada gota de suor, cada beijo, cada lágrima, cada passo, nada é em vão.

Alguém depositou em mim uma parcela da vida que levava consigo, alguém não...mais que um simples alguém, uma pessoa de bem, esperançosa, generosa, alguém que eu gostaria de agradecer.

Agradeço hoje por todas as amizades, sorrisos, abraços, aniversários, anos de vida. Lhe ofereço o meu muito obrigada por cada tarde chuvosa, cada paixão frustrada, cada coração partido, cada gargalhada, cada arrepio, cada beijo apaixonado.

Eu nada seria, eu não seria, se você não tivesse parado algumas horas da sua tarde para me salvar. Aceitem a minha gratidão, no plural porque sei que não estava sozinho.

Você, querido desconhecido, não sabe o que foi feito do seu gesto voluntário... eu sei. Aquele abrir e fechar o punho, enquanto a bolsa se pintava de vermelho, hoje faz minhas bochechas esquentarem cor de rosa, quando vejo um rapaz bonito... Aquela picada chata da agulha, foi capaz de me fazer comemorar gols no campeonato da faculdade, guardar o jornal com a aprovação no vestibular, ver a minha irmã crescer, fazer meu avô sorrir, sentir o vento soprar as mechas finas do cabelo na beira da praia, ver as luzes de Paris.

Tudo que posso fazer, é tentar ajudar outro alguém a trilhar seu próprio caminho, a ter a chance de dar seus próprios passos, é doar um pouco da vida que um dia recebi. Porque hoje é só sangue, mas amanhã pode ser a diferença entre alguém conhecer a felicidade de viver ou não.

E você, também pode doar alegria?



quinta-feira, 9 de maio de 2013

Muito



  Te quero

  Querendo

  Aquela

  Que te quer


  E como quero!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Seus olhos


Seus olhos
São como o frio da noite
Macios como a melancolia
Chorando a alegria mais pura
Sorrindo tristeza escura
Me salvando do meu não viver

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A mais bela flor


 Floresce a mais bela flor
 Na janela do amanhecer
 Despejo meu amor
 Enquanto a vejo crescer

 Cheia de alegria
 Amigos e planos
 Trilhando a vida
 Perseguindo sonhos

 Desejo leva-lá comigo
 Nos caminhos iluminados
 Mas não sei se consigo
 Convence-lá a caminhos trilhados

 Melhor deixar que escolha
 Seu próprio destino
 Acompanhando, da proa
 Ouvindo seu riso

 Com a certeza
 De que Sofia
 É beleza
 E sabedoria

 Deixe que decida
 Em mundo infinito
 Deixe que sorria
 Felicidade que habito


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Primeiro de Maio


Dia do trabalho?
Aquele que dignifica o homem?
Aquele que o faz perder o ser para ser o que faz?
Que trabalho?
Que direito?
Que dignidade?
E a fome? 
A fome se cura com trabalho?
É a comida que faz o ser?
Quem é você?
Quem trabalha ou quem é?
Quem vive por trabalhar?
Quem trabalha por viver?
E o outro?
Desempregado?
E emprego, é trabalho?
Que trabalho glorifica?
Que trabalho satisfaz?
O que enche a mesa?
O de quem gosta do que faz?
Dia do trabalho?



terça-feira, 30 de abril de 2013

e tudo se foi na neblina


Não pare agora
Está tão perto
Não há volta
Está certo

Não há fuga
Só destino
Não se iluda
Em desatino

Insista
Que amor
É sina
É dor

Que sente
Quem ama
Quem mente
E engana

Mas há 
Esperança
Desde já
Desde criança

Na paixão
Sincera
Com emoção
Concreta

domingo, 28 de abril de 2013

Tiro certeiro com ponto final


 Vazio
 Vazado
 Da alma
 Fuzilada
 Por palavras
 Sem intenção
 Que cubro
 Sozinha
 Sem chances
 De salvação


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ex quarto desejado



  Assinou
  Sob pressão 
  Assassinando 
  Velha paixão 
  Que latejava quente
  Ao pé da cama 
  Implorando perdão 





domingo, 21 de abril de 2013

Besta


É uma vontade
Que arde
Desatinando
O exausto
Coração
Mal consegue
Cansado
Esquentar a mão
E acelera
Pulsando
O sangue emprestado
Que salvou uma vida
E precisa ser doado
Cheio de vontade
Enlouquecida
Sem o menor motivo
Sem nenhuma razão
Só a memória teimosa
De indomada sensação
Que leva ou delírio
Se imagino
Repetição
Sossega menina
O peito alivia
Da besta emoção

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Mudez gelada


A vida seguiu seu rumo
Sem lançar mero olhar
Para quem, atrás do muro
Insistia em perguntar...

O que respondido,
Só iria doer

Vida cala (o) frio
Sem ter o que dizer

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tarde chuvosa


Os passos seguiam incertos
Se equilibrando nas pedras molhadas
Quem precisa de caminhos corretos...
Quando mal se enxerga entre lágrimas

Mas os passos seguiam
Mesmo cheios de incerteza 
Pois caminhos se trilham
Ainda que sem clareza

E mesmo embaçada
A vida lateja beleza
Que no brilho das poças d'água
Enche os olhos e espanta a tristeza

sábado, 6 de abril de 2013

Perpétua


Eu sou culpada
Ré confessa
Sem revelia
Sem perdão
Sem anistia 
Ou redução

Amo demais 
E não sei esconder 
A mais pura emoção
Então conto dias nas paredes
De uma cela de prisão 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Com tentação


E o vento
Soprava quente
Porque tento
Contente
Não me contentar...
Com meia felicidade

Então corro
Ao relento
Cabelos soltos
Sem arrependimento
Como só quem conhece
O gosto da liberdade

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ilusão

E esse papel macio
Em que deslizo a ponta aflita
Acolhe melhor que muitos
Nos momentos de solidão
Porque estou só, acredite
Abandonada na multidão
E mesmo um único abraço
Parece inalcançável
Pois abraço frio é prisão
E não sei viver sem liberdade

Então viro as páginas
Ignorando a saudade
De um passado imaginado
Que na verdade
Nunca existiu

Não vê que queria que visse?
E a tristeza curasse enfim...
Mas como me cego querendo
Ignoro a cegueira inocente
E me tranco dentro de mim

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pelados em Santos


No mar azul de São Vicente
No jardim da orla de Santos
Da janela o Sol poente 
Ouço Humberto e outros cantos

"Pelados em Santos", sorrio
Nado feliz no piscinão
Debaixo de chuva, caminho
Segurando o coração

Sorvete e torta holandesa
Poemas de leitura impecável
Ouvidos deleitam beleza
Desejosos de pecado 


sábado, 23 de março de 2013

Palavras de um só gume


Eu vejo as palavras cegas
Cortando pele, carne e osso
Para arrancar o coração

Facas de um só gume
Sem afiar
Sem intenção

Cravadas no peito de quem vive
(Vive) só de ilusão

Eu vejo sem ver
O fim
O início
De olhos fechados
Coração arrancado
Pingando no chão

Palavras são mais fatais
Do que tiros de paixão

Eu vejo as palavras cegas
E me cego de emoção

terça-feira, 19 de março de 2013

A paz dessa noite


Se pelo menos a paz viesse toda vez que a chamo, e levasse sossego à chama que queima insistente no meu coração... se essa noite a paz invadisse as cortinas brancas do quarto de menina, se entrasse de mansinho debaixo das cobertas... se ao menos essa noite, eu sonhasse com a paz... poderia descansar a paixão ofegante... que mesmo correndo não chega nunca ao pódio. Haja bombinha para a asma apaixonada, aja como se a paz reinasse.


segunda-feira, 11 de março de 2013

Na praça


O calor era forte, restava saber se mais forte do que eu. 

As férias da faculdade reinavam absolutas... ou pelo menos era o que eu desejava... mas novata no estágio, não me arrisquei a exigir férias tão cedo e tão longas, o que fez com que as férias das aulas tivessem seu efeito reduzido. Para render o dia e sentir o prazer de passar tardes no clube, de bobeira, no cinema ou fazendo qualquer outra coisa, fui trabalhar de manhã.

O bairro, como de costume, amanheceu fresco, me convencendo a optar por um par de calças jeans. Para combinar e assegurar o conforto, tênis de tecido, lindinhos (ok, talvez a parte do lindinhos seja polêmica), e uma blusa fresquinha que garantisse alguma seriedade capaz de salvar o visual de qualquer recriminação no estágio. Assim parti para uma jornada de maravilhosas 4 horas (que descobri ser o número de horas ideal para qualquer tipo de trabalho).

Após quatro horas da mais sincera felicidade de se trabalhar com o que se gosta, e de bom humor, com companhias genuinamente agradáveis e um saudoso jardim verde, era hora de enfrentar uma tarde de férias muito merecidas. O horário não era perfeito para andar no centro, mas determinada a chegar em casa com apenas um ônibus, iniciei a curta subida até o ponto.

A rua não chega a ser íngreme o suficiente para incomodar quem cresceu no Santo Antônio, mas com o calor da hora do almoço... o suor começava a surgir nas raízes dos cabelos, cuidadosamente amarrados no rabo de cavalo mais alto que possa imaginar. Os sinais pareciam eternamente fechados, e a falta de sombra condenava as bochechas brancas a se pintarem de rosa quase vermelho.

Foi assim que comecei a travessia da Praça Raul Soares, passando bem perto dos canteiros regados automaticamente no pior horário possível, mas que pelo menos me deram a ilusão de amenizar o calor. De repente, ali, na imensa fonte de águas transparentes, um homem havia tirado a camisa, colocado as meias dentro dos sapatos cuidadosamente pousados em um banco próximo, e agora nadava de short no meio da praça.

Ele não parecia bem nutrido, seu cabelo era ralo, sua pele mal cuidada, seus dentes amarelos, quando não em falta. O homem não havia depositado no banco da praça carteira, óculos, blusa de frio ou mochila, apenas o par de sapatos, as meias e uma camisa manchada. O homem não poderia imaginar que eu vinha do trabalho na justiça, que havia saído cedo e por isso usava calças, ele não reparou nas minhas bochechas que queimavam, no suor que escorria em minha testa ou no esforço que fazia para chegar perto das poucas gotas que sobravam da irrigação. O homem nadava, dava braçadas, mergulhava.

A fonte é funda o suficiente para mergulhar, constatei hipnotizada. Era também larga o suficiente para braçadas. O homem estava sozinho na fonte. Policiais estavam próximos, mas não o impediram, abordaram, preferiram ignorar e permanecer na escassa sombra em que, com algum custo, se acomodaram.

Eu invejei aquele homem. Nós dois estávamos debaixo do mesmo Sol, o calor era o mesmo, a praça era a mesma, eu era a privilegiada, ele era o excluído do sistema. Eu desejava mais do que tudo poder tirar aquelas roupas/uniforme e mergulhar na fonte. Ele sorria e mergulhava novamente. E por um breve momento aquilo me pareceu maravilhoso.

Então, antes que o desejo se apoderasse ou qualquer discurso político maculasse o momento, apertei o passo para alcançar o ônibus, deixando para trás uma felicidade que talvez eu nunca tenha conhecido, que talvez nunca conheça, e que todos julgavam, inclusive eu, que sempre habitou o meu coração.



terça-feira, 5 de março de 2013

Fim de linha, ou corredor


Não adianta regar
A flor que vai na lapela
Mesmo que enfeite o caminho
Ao final, a morte é certa



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

L'anniversaire !!! 1 ano de L&C



Há exatamente um ano resolvi criar esse blog. Resolvi criar e criei.
Na tarde do dia 28 de fevereiro de 2012 levei o computador para a mesa da sala enquanto testava nomes para batizá-lo, e não conseguia nenhum, tudo que testava, relacionado ao livro que leva o meu nome, já existia por aqui. 
Testei vários até tentar os dois personagens que não conversam no livro, mas que eu adoraria ver em um animado diálogo, quer conversa mais louca do que entre a lagarta que fuma e um chapeleiro maluco?
Foi testar e resolver que seria isso mesmo... e hoje não poderia escolher outro nome.

O Lagarta e Chapeleiro não é exatamente divulgado... seu conteúdo poderia causar algum espanto, estrago ou fim...mas hoje já conta com alguns leitores muito queridos !!!

Os primeiros posts, que gosto de reler com carinho para não esquecer de que posso escrever sem me exigir absolutamente nenhum resultado, foram lidos apenas por uma pessoa. O Lagarta e Chapeleiro teve, por algum tempinho, um único leitor. E foi assim que pude bordar minhas linhas tortas com palavras sinceras que pesavam internas e fizerem bem quando colocadas na tela, com o fundo da minha cor preferida, um claro azul.

Hoje te agradeço. Agradeço por ter lido com paciência todos os meus textos, por ter opinado, incentivado e por ter sido o exemplo que segui. Agradeço pelos livros, cd's, dvd's, shows, dicas, poemas, leituras em voz alta, pelos sorvetes, pelos filmes no Belas e no Cine-rede, pelos lindos textos que encontrei no Cegos, que se tornaram o impulso necessário para que a coragem brotasse e eu também topasse me arriscar a escrever. Obrigada por ser meu melhor amigo.

Agradeço aos leitores que foram surgindo aos pouquinhos, de terras encantadas, como a Montanha Mágica, e que fizeram do blog uma experiência muito mais real do que virtual, saindo da tela para encontrar amizades lindas, feiras de cinema em Tiradentes, bolos de Kit-Kat, encontros de língua francesa e risadas gostosas! 

Muito obrigada também a quem apareceu com blogs bem diferentes e acabou tendo de encarar comigo até jogo de sinuca, com direito a dicas de personagens, idas e vindas pela savassi, risadas e bobagens trocadas, tudo bem leve, como deve ser, ao se falar dos mais variados temas sem tabu, a Vida em Miúdos me diverte muito !!!!

Não poderia deixar de agradecer quem se empolgou no mundo dos blogs e me deixou participar de projetos, apreciar lindas fotos e ainda por cima indicou o L&C como boa leitura !!! Adoro dar uma espiada no que acontece na Toca da Thamy e agradeço imensamente o incentivo que encontrei ali !!!! Merci =)

Incentivo também não faltou no Meus Devaneios, quer coisa melhor do que ouvir da autora de dois livros (que tive o prazer de ganhar nos sorteios e super recomendo !!!) que você deveria tentar publicar seus poemas? Acredite Michele, agradeço muito essas palavras, a possibilidade de publicar alguma coisa se tornou de repente muito mais do que um sonho impossível !!! Assim que um certo alguém me ajudar a selecioná-los ( ^^) vou enviar meus poemas para quem sabe um dia poder te enviar uma edição especialmente separada, com a sincera dedicatória a quem disse que eu era capaz....assim espero!

Espero que o Lagarta e Chapeleiro sobreviva às minhas loucuras... Se conseguiu um ano, acho que chegamos a dois =D 

Muito Obrigada a todos que acompanham o blog !!!! Espero que as 12.000 vizualizações desse primeiro ano sejam um bom sinal   = : )

Bisous !!!!




terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Na capital



Achei Brasília baixinha. 

Baixinha e sozinha, sem montanhas para lhe fazer companhia... tão diferente da minha Minas Gerais! 
Brasília parecia lego, com quadradinhos empilhados ao longo de vias perfeitamente projetadas, em lindas asas de liberdade. 
Mas hoje de manhã, quando o Sol apareceu na varanda do primeiro andar, Brasília se mostrou gigante!!! 
Nesse céu azul entre a copa das árvores...nasceu uma capital amante do dia, da vida, cidade amante do amor. 
Brasília não está sozinha, está com todos. 
Cidade sem nativos, de habitantes de passagem, sem tempo para julgar os companheiros de viagem...cidade do mundo, do verde, do azul. 
Gostei daqui...mas mineirinha que sou...a capital não ganhou das montanhas de Minas, e do pão de queijo quentinho saindo do forno, enquanto a tradição pulsa nas paredes encharcadas de raízes.
Uai, não tenho culpa de ter um coração de Minas Gerais!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Amar


Amar
Verbo teimoso
Estúpido
Sem motivos
Sem razão
Desista! Desisto!
Não há explicação...
Tão somente o infinito
De amar eternamente
Enquanto durar a paixão


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Surda cor


E essa dor
Que arde na noite
Dessa surda cor
Do som do açoite

Passa ligeira e tremida
E volta, arrependida
De ter acordado a menina
Que do sono precisa pra vida

E se vai por debaixo das portas
Fugindo da luz, das revoltas
De quem ainda insiste em amar
De quem não abre mão de sonhar

E afundo em silêncio mortal
No escuro macio do sono
E no calor do verão sem igual
Bate o coração sem dono

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Felicidade Clandestina


Felicidade que embarcou sem convite
Se escondeu clandestina e sorrateira
Nas mais fundas profundezas de minh'alma
No porão da embarcação guerreira

Se escondeu com destreza sem igual
E agora não posso encontrá-la
Felicidade clandestina desta nau
Para que ninguém possa matá-la


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Agora

Será verdade?

Deve ser
Se quem me diz estudou
E eu só sei dizer

Aquilo que primeiro me ocorre
Fugindo sempre de dizer o que corrói
O que o tempo faz lembrar que dói
O que escolho ignorar
Mas não posso esquecer

De que adianta guardar a mágoa?
De quem sequer sabe que magoou...
De que adianta derramar a lágrima?
Que de tão velha secou...

Melhor me calar
Deixar guardado o passado
Dizer nada pode mudar
O leite já foi derramado

E se minha infância feliz
Permanece manchada
Escuto o que diz
Escuto calada

Selecionando memórias
Cada vez mais distantes
De tardes sem glória
Esquecidos instantes

Corra menina
Da fantasia rosa
Pule o carnaval agora
Porque não há volta

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ler - meme de incentivo à leitura


Fui escolhida pela Thamy (http://www.tocadathamy.com/) para indicar um livro como "meme de incentivo à leitura". Confesso que estou passando um aperto danado para escolher um só. Mais difícil ainda do que escolher um só livro é escolher pensando que seria a primeira leitura de alguém...

Com a ajuda de algumas fotos...lá vai !


Em primeiro lugar, vale dizer que ler é um grande prazer. Ler e viajar... mas como ler me faz viajar por mundo fantásticos que as páginas me deixam imaginar... talvez o grande prazer seja mesmo viajar de todos os jeitos que podemos tentar.



Hoje boa parte da estante abriga livros de Direito, afinal estudar faz parte...mas em meio ao processo civil e os dicionários jurídicos ainda se escondem doces deleites...vejo Clarice e Cecília de longe !





Mas não posso negar minha predileção pelas estantes da parede oposta, onde reinam sublimes os títulos que em algum momento tocaram meu coração. Surgidos na infância e que não consigo esquecer. Antes de indicar o livro recomendado...permitam-me recomendar mais alguns !!!


Aos livros então:

 
1. Aventura: A ilha do tesouro
Eu amei esse livro ! Lembro de ter lido em uma tarde,
devorando as páginas. Claro que encerrada a história, 
estava decidida, o que poderia ser melhor do que ser 
PIRATA? 


 

 2. Cecília Meireles
Adoro ler Cecília, me faz feliz. 
Super recomendo !!!
"Viagem vaga música" e
"Coleção Melhores Crônicas"







3. As princesas não moram só em castelos
Livro comprado na feira do colégio, mamãe
escolheu por ter uma personagem chamada 
Alice. Me lembra os dias tranquilos no recreio.
Para quem sempre escutou da mãe que é uma princesa.


4. Também gostaria de recomendar dois autores novos, dois amigos.

 

4.1. Michele Pupo, com seus dois livros
encantadores: "Meus Devaneios" e 
"Vastas emoções, vagas promessas".





4.2. Thiago Diniz, 
com seu primeiro romance:
"Pacta Corvina"






 

5. Clarice Lispector e a coleção: "Clarice na cabeceira" - presente e indicação do Gabriel, que repasso feliz pois encheu de emoção os meus dias corridos, tornando a espera do ônibus um momento almejado. 

Recomendo, até então, "Contos"e "Crônicas".




Ainda tenho muitas recomendações me torturando, acho que a medida que for me admirando com algum livro vou indicá-lo por aqui... gostei do exercício. Mas não poderia me esquecer de indicar um único finalista... e já vou avisando que não fui muito criativa. Não sei se seria meu livro preferido...não sei mesmo. Sei somente que me apetece. Então deixo aqui a sugestão mais bobinha, mas também linda nessa edição ilustrada: "Alice no país das maravilhas":


Gostaria, e é só uma sugestão, de saber quais livros me recomendariam os meus blogs preferidos:
E todos aqueles que assim desejarem =)
BOA LEITURA !

domingo, 27 de janeiro de 2013

O passo do tempo


O tempo passa sem se importar com o quanto alguns imploram para que pare.
O tempo que passa ao seu mesmo passo, ignorando os pedidos aflitos para que acelere e passe.
O tempo passa e leva tanta coisa.
Mas a dor que diziam que o tempo cura parece ficar.
Quanto tempo devo esperar?
Quanta dor se deve ou se pode aguentar?
Respiro fundo e tento ignorar os dias que se acumulam sem fim,
tentando aproveitá-los sem ter de contar a dor que deveria diminuir.
Perdoem o post meio triste, acho que é o tempo que passei sem dormir.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Meu jardim secreto


No meu jardim
Tem um fosso raso
Por onde passam passos
Na sombra verde
Entre samambaias
Que nunca sentem sede
No úmido jardim
Quase sem flores
O verde sem fim
O jardim sem dores

Meu jardim secreto
Do prédio público
Guarda meu afeto
No frescor súbito
Das quatro da tarde
Quando descanso a caneta
E sem alarde
Arrumo a mesa
E digo adeus ao jardim...
Até o próximo entardecer

Versos


sem céu ou inferno 
nesse mundo de medo
engulo seco o que volta a ficar interno
e juntos seguimos 
fingindo não saber que lá dentro se esconde o destino de todos
ao qual todos os caminhos levam


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ausência de sentido. Existe apenas direção?


Disparo
Moderadamente
Para cima
Para a cama
Para a noite
Para o sonho

O coração desatina
O ar fica escasso
E o descaso
Esse dói
Dói mais do que imaginei

Pimenta 
Nos olhos dos outros
É refresco
Nos seus
Castigo
Nos meus
Exemplo

Partir?
Jamais
Se vivesse do orgulho
Passaria fome
Hoje
Me engano
Contente de poder ficar


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Manhã pelo Centro


O Centro passava molhado pelas janelas lacradas do ônibus.

O amor de Clarice latejava nas páginas contadas do livro azul.

A verdade pulsava na dor de cabeça iminente, da noite passada em claro.


E o amor molhado lá fora grudava nas velhas fachadas de pedra e nas raízes retorcidas, 


que afastavam o asfalto sem se importar com os carros que passam com pressa.


E dentro da lata, os olhos sonolentos atrás dos óculos se enchiam de lágrimas,


porque a verdade inquieta da insignificância diária, essa verdade dói.


E espremido no fundo do peito de menina, batia ofegante o coração contundido,


com a imagem dos estreitos colchões arrumados com brancos lençóis, em paredes opostas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Bateu buscando leveza


Bateu
Forte, firme, acelerado
Doeu
Batendo manco, machucado
Sorriu
Sem forças para bater leve
Sentiu
A dor de quem não se esquece
Apertou
Sem dó ou piedade
Gritou
Seco de medo da verdade
"Descanse"
Imploro sem voz
Em transe
Luta por um nós
Que não mais existe




terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Convite


A escuridão seduz
O sono, o escuro, o silêncio
Tentação
Tontura
Medo de altura?
Medo do fim?
Medo do meio
Covardia
Alguma anemia?
Falta apetite
Ou sobra, frustrado
Melancolia
Olhos cansados
Falta força
Falta dormir
Apesar do sono
Desistir ou sorrir?
A escuridão convida...
Recuso