segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Livres

Nós
Surgem
Apertam
Unem
Sufocam

Nós
Juntos
Separados
Amigos
Sozinhos
Cansados

Um nó na garganta
Um nó perdido
Um nó(s) se desmancha
Enfim partido

E a liberdade abre asas
Sem nós que as impeçam
E nos unimos contentes
No voo rasante

Que o milagre do instante
Na imagem eternizado
Nos faça sorridentes
Em memórias de amantes 

Livres para sempre


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Printemps


De levinho
O som cresceu
Invadiu cada fio
Os fez dançar
Arrepiando um por um
Em calafrios de alegria
Em um forte suspirar

A primavera de Vivaldi
Anunciando uma entrada
De nova fase, aventuras
De paz, amor, felicidade
Mas ainda assim...
Que fase de saudade
Tantas saudades suas

A primavera forte

E mesmo assim tão suave
Em claves de Sol e Fá
Com flores e beijos
Cartas e desejos
E semi-colcheias perdidas
Na mais pura harmonia
De gênio da emoção

Ah Vivaldi !
Como pode traduzir 
Aquilo que dita o coração
Teimoso e bobo
E que insisto em ignorar?
Como ousa me mostrar a verdade?
Sem a menor piedade?
Para parti-lo sem compaixão?

Aumento o som...



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Doce saudade


Meu coração suspirou
Os olhos marejaram
O sorriso se abriu
Uma palavra escapou
De levinho, soprada
Nem som escapuliu
Apenas um vento fino
De alívio sutil

É que eu senti saudades
Na verdade, ainda sinto
E pode crer
Eu não minto
Sobre o carinho imenso
Que lhe dedico
Nessas poucas linhas
Que vem do fundo sincero
De uma alma sem paredes

E o sorriso bobo
Anseia contente
Em virar risada
Em te ver sorridente
E a saudade espantar
Dessa aura tão doce
Poder gargalhar
Com você, mesmo hoje 



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Singela prece


Meu anjo querido
Que sempre me amou
No caminho sofrido
No caminho que sou

Rezo a ti por proteção
Que nunca me faltou
Rezo do fundo do coração
Rezo por quem foi e quem ficou

Anjo amado
Estende de novo suas asas
(Macias como nuvens)
E cubra meu rosto
Enxuga minhas lágrimas
Faça o dia ensolarado
Deixe-me pedir de novo
Como peço desde que posso
E como pediram antes por mim

Anjo do Todo Poderoso
É a ti que recorro
Sem nunca duvidar
Da sua bênção
Do teu amor
Do nosso amar

Guarde minhas preces
Com cuidado
Saiba que confio a ti
Quem por mim é amado
E lembre-se da tua função
De protetor alado
Leve embora a desilusão
E volte para o meu lado



domingo, 4 de novembro de 2012

Afogando


Existem coisas imperdoáveis?
Existem corações empedernidos?
O meu?
Mais apanha do que bate
Mas nunca deixou de bater

Há um detalhe importante
Como detalhes costumam ser
Entre a mágoa e o perdão
Se perdoamos quem não se arrepende
Não cessam as dores e mágoas
Nem contenho as lágrimas
Da mais pura decepção

Se ainda amo?
Amo com tanta força
Que choro de raiva
De ser tão boa moça
De tão frágil coração

Se esse amor é escolha?
Não sei, não creio
Não é coisa imposta
Mas não mais o anseio

Se ainda gosto?
Nunca gostei de apanhar
E para não ser covardia 
Nem tento revidar

É quase um canto
Em voz de sereia
Canta, chama e promete
Sonhos de delicadeza
E sei que se chego perto
A morte é certa
Por afogamento

Afogada em mágoas
Perdoo
Porque amar é assim
E esse coração mole
Apanha e sorri


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Lágrimas de novembro


Ela escorreu
Sem pedir licença
Não direi que doeu
Foi com displicência 

Desceu queimando
O amargo salgado
De saber que amando
Nem sempre se é amado

Foi só uma 
Que escapuliu
Uma última vez
Que me feriu

De repente interrompo
O princípio de soluço
A lágrima desmonto
Dou na tristeza um susto

De saber que tudo isso
Pode ser comemorado
Esboço um sorriso
De coração quebrado

Não diziam os velhos sábios
Que amor não se cobra
Saíram dos meus lábios
Palavras de memórias

Tudo valeria a pena
Tudo iria bem
De lembrar da velha cena
Quando me amava também