sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

São Paulo


Foram 6 ou 7 horas de viagem, não sei mais dizer, mas devo ter dormido ao menos 4... Sem sonhar.



Uma imensidão de cidade
Verdes em copas de árvores
Ruas se lançam sem fim
No laranja do final das tardes
Na concretude cinza da verdade
Da multidão que se move
Com mais rostos do que pude contar

Viver aqui? poderia
Mas fico feliz onde nasci
Minha cidade tem mais verde
Ou mais verdes que quero bem
A felicidade carrego comigo
Mas ajuda se vier também...



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Leopoldina, Carangola e Juvenal II


Carangola

Ruas inclinadas
Percorridas com alegria
Dias e noite passados
Sonhos de delicadeza
Subo a ladeira pra casa
Desço sonhando aventura
Visito as amigas levadas
Corro ao colégio
De vida agitada
Ultrapasso a Copasa
Muitas vezes a cada tarde
Todas ensolaradas

Na madrugada
De leveza infinita
Sonhos de doçura
Em que com carinho contava
Carneirinhos de algodão
Planejando aventuras futuras
Menina toda coração
Nessa nova fase da vida
Desabrochava botão
Pra menina virar moça
Pra perder e achar meu chão

Comecei na Carangola
Esse capítulo lindo
Na melhor companhia que se pode ter
Ganhando uma companheira irmã

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Leopoldina, Carangola e Juvenal I


Leopoldina

Leopoldina
Dos sonhos vagos
Memórias esparsas
Álbuns misturados
De menina sorridente
Boiando leve no azul
Da piscina transparente
Dos braços finos
Dos novos dentes
Escuto sinos
Infância inocente
Tenra e terna
Como há de ser
 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Um dia bonito, ideias sem nexo, e complexo insistente


Passos apressados em direção ao ponto, onde me esperam companheiros desconhecidos, com a mesma vontade de chegar em casa que eu já alimentava há algumas horas. Desci a rua enquanto mirava de rabo de olho as vitrines coloridas, desse jeito de olhar sem ver. Atravessei insegura, como de costume, esperando que algum maluco furasse o sinal e intrometesse no caminho um novo ponto, e ainda não quero ponto final. Foi um dia longo, pensei, e instantaneamente me corrigi, o dia ainda não tinha acabado. Estava com fome, os cabelos presos em um rabo sem jeito, me imaginei ali correndo sem saber as horas, e por um minuto a ideia de que estava feia me atormentou. Continuei, a opinião dos fantasmas da multidão que marchava comigo não fazia diferença. Atravessei a praça, seria assaltada? Otimista me respondi que não, felizmente estava certa. Olhei o céu se pintando de laranja enquanto o azul turquesa se despedia, como a minha cidade era bonita. Mas eu não. Que coisa, de onde vinha essa ideia insistente e chata ...eu não sei....

Passei ao lado dos muros do mercado e o cheiro desagradável me incomodou. Corri, mas o ônibus nem havia chegado. No ponto, as palavras do desconhecido que oferecera conselhos de manhã ressoaram, e não guardei o telefone do lado do cartão, que segundo ele não era bom por algum motivo magnético que ignorei. Falando em magnético ainda não entendi o texto que dizia repetidas vezes que o sonambulismo magnético também era causa de incapacidade temporária, e hipnotismo não me convenceu. Tentei me distrair com essas ideias, mas a fome não dava trégua e o ônibus demorou. Quando enfim chegou entramos aos montes, sem lugar para sentar, nem ao menos para segurar com as duas mãos, vim me equilibrando no balaio. Olhei para os lados, ninguém que conheço, ok. A cabeça começava a querer doer, era a fome revoltada, quase em casa alguém se levantou e eu sentei.

Desci pouco tempo depois, tive tempo de ver os últimos raios de Sol se esconderem atrás da pálida montanha que me acompanha a cada manhã. Que paisagem linda...eu precisava comer. Em casa sentei na sala e comi nem sei mais o que, na verdade tudo que achei em cima da mesa foi bem vindo. Depois um banho de alívio, lavando os cabelos cortados e vestindo uma roupa fresquinha, de quase férias. Sentei e trabalhei um pouco e depois vim aqui, escrever...que mesmo agora que os cabelos secaram sozinhos e soltos, o espelho parece não me querer, afinal de contas, o que há de errado comigo? 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Solidão

Despertei
Ainda na inércia com que me deitei
Lavei o rosto sem mirar o espelho
Me vesti sem pensar
E atravessei o corredor
Alcançando a porta dos fundos
Na escapada atrasada do amanhecer

Não estou sozinha
Eu sei
Mas ninguém informou a solidão
Ela não sabe ou não liga
E me acompanha nos dias
Longos desse fim de ano
De início de verão

Vago sozinha
Sorrindo um sorriso sem graça
Na multidão calada
Que encara sem dó
O vazio dos olhos cansados
De quem ama e nega
De quem ama e se engana
De quem pede cama
E encara o chão

Sozinha penso comigo
Nas bobagens que vão doer
Sozinha piso em ovos
Como quem os quer perder
Correndo descalça
Sinto as cascas finas
Quebrando sem se romper

Deixe que eu parta em paz
Solidão insistente
Que partindo me multiplico
E paro de sofrer