quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Um dia bonito, ideias sem nexo, e complexo insistente


Passos apressados em direção ao ponto, onde me esperam companheiros desconhecidos, com a mesma vontade de chegar em casa que eu já alimentava há algumas horas. Desci a rua enquanto mirava de rabo de olho as vitrines coloridas, desse jeito de olhar sem ver. Atravessei insegura, como de costume, esperando que algum maluco furasse o sinal e intrometesse no caminho um novo ponto, e ainda não quero ponto final. Foi um dia longo, pensei, e instantaneamente me corrigi, o dia ainda não tinha acabado. Estava com fome, os cabelos presos em um rabo sem jeito, me imaginei ali correndo sem saber as horas, e por um minuto a ideia de que estava feia me atormentou. Continuei, a opinião dos fantasmas da multidão que marchava comigo não fazia diferença. Atravessei a praça, seria assaltada? Otimista me respondi que não, felizmente estava certa. Olhei o céu se pintando de laranja enquanto o azul turquesa se despedia, como a minha cidade era bonita. Mas eu não. Que coisa, de onde vinha essa ideia insistente e chata ...eu não sei....

Passei ao lado dos muros do mercado e o cheiro desagradável me incomodou. Corri, mas o ônibus nem havia chegado. No ponto, as palavras do desconhecido que oferecera conselhos de manhã ressoaram, e não guardei o telefone do lado do cartão, que segundo ele não era bom por algum motivo magnético que ignorei. Falando em magnético ainda não entendi o texto que dizia repetidas vezes que o sonambulismo magnético também era causa de incapacidade temporária, e hipnotismo não me convenceu. Tentei me distrair com essas ideias, mas a fome não dava trégua e o ônibus demorou. Quando enfim chegou entramos aos montes, sem lugar para sentar, nem ao menos para segurar com as duas mãos, vim me equilibrando no balaio. Olhei para os lados, ninguém que conheço, ok. A cabeça começava a querer doer, era a fome revoltada, quase em casa alguém se levantou e eu sentei.

Desci pouco tempo depois, tive tempo de ver os últimos raios de Sol se esconderem atrás da pálida montanha que me acompanha a cada manhã. Que paisagem linda...eu precisava comer. Em casa sentei na sala e comi nem sei mais o que, na verdade tudo que achei em cima da mesa foi bem vindo. Depois um banho de alívio, lavando os cabelos cortados e vestindo uma roupa fresquinha, de quase férias. Sentei e trabalhei um pouco e depois vim aqui, escrever...que mesmo agora que os cabelos secaram sozinhos e soltos, o espelho parece não me querer, afinal de contas, o que há de errado comigo? 

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