Despertei
Ainda na inércia com que me deitei
Lavei o rosto sem mirar o espelho
Me vesti sem pensar
E atravessei o corredor
Alcançando a porta dos fundos
Na escapada atrasada do amanhecer
Não estou sozinha
Eu sei
Mas ninguém informou a solidão
Ela não sabe ou não liga
E me acompanha nos dias
Longos desse fim de ano
De início de verão
Vago sozinha
Sorrindo um sorriso sem graça
Na multidão calada
Que encara sem dó
O vazio dos olhos cansados
De quem ama e nega
De quem ama e se engana
De quem pede cama
E encara o chão
Sozinha penso comigo
Nas bobagens que vão doer
Sozinha piso em ovos
Como quem os quer perder
Correndo descalça
Sinto as cascas finas
Quebrando sem se romper
Deixe que eu parta em paz
Solidão insistente
Que partindo me multiplico
E paro de sofrer
Nenhum comentário:
Postar um comentário