terça-feira, 14 de junho de 2016

Chá comigo



Eu não via graça em chá. Meu negócio sempre foi leite morno, com chocolate em casa e com café na casa da vovó, imitando o meu avô, que amava café.

Mas quando aos 16 anos fui de intercâmbio pro sul da França....todo mundo lá amava chá! E ninguém toma uma xicrinha não, é tipo o nosso pote de sucrilhos sabe? e tipo umas 3 vezes no dia! Café da manhã, lanche e muita gente ainda toma um pouco antes de dormir.

E depois de uns meses lá, nos quais engordei bastante, resolvi adotar o hábito para emagrecer um pouco... De fato emagreci um cadim, mas muito mais que isso...passei a entender a importância da tigela de chá.

Não é só a bebida da refeição, é quentinho, o que no frio dos Alpes faz muita diferença. E as pessoas sempre oferecem fazer um chá pras outras pessoas quando vão fazer o próprio. Aí senta todo mundo na mesa/ sofá e toma o chá quentinho feito com amor.

Na casa que eu morei, as tigelinhas vinham da cozinha numa bandeja redonda. O saquinho do chá também é redondo. É um chá um pouco mais forte e no café da manhã costuma ser acompanhado de torradinhas com manteiga e biscoitinhos estilo maizena.

O chá é o carinho francês. Porque o vinho, o queijo e o pão podem ser o social, a amizade, até a festa ou a intimidade....mas o chá é o carinho.

Quando voltei continuei bebendo chá como um hábito mesmo.

E depois de 5 anos, quando fui passar o Natal da "minha" casa do sul da França, e cheguei cansada e com frio, fui direto pro banho. Quando saí, a minha tigela de chá quentinho já estava na mesa me esperando, quase adivinhando quanto tempo eu demoraria. Ali, longe da minha família no Brasil, longe dos amigos de infância, passando o Natal do outro lado do oceano, quando vi a tigela de chá e o vaporzinho saindo dela, tive a certeza que estava em casa, passando o Natal em família.