segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Distância - 6km - No meio do caminho...melancolia


"O melancólico não é louco" - conclusão curiosa estudada ontem, enquanto analisávamos o Direito Antigo Português (nunca vou me lembrar do nome do autor).

O melancólico, segundo o autor português, não está entre os loucos de todo gênero, não precisa de curador ou tutor, pode dispor de seus bens como bem entender. O reservado, o sensível, de olhos tristes e voz doce, não mereceu ali, no Direito, proteção contra si mesmo. Direito injusto? Talvez.

Ou talvez proteja o melancólico de algo muito mais perigoso que sua própria melancolia, afastando dele a piedade alheia, por vezes muito mais dolorosa que a própria tristeza.

Deixe que ele escolha seu caminho, gaste como desejar, derrame as lágrimas que julgar necessárias, e, com sorte, lindas palavras, que caem ao acaso diante dos olhos de outros melancólicos, para salvá-los.

Se tenho medo da melancolia? Não sei. Costumo abraçá-la com carinho, aninhá-la no colo e murmurar palavrinhas de afeto. Porém, tenho medo de que cresça demais, apague meus sonhos, cubra meus olhos de sombra e nunca me abandone. Tenho medo de que ela me defina. Mesmo assim, a aperto entre os meus braços enquanto marcho, determinada a tropeçar em alguém que veja nela beleza sem ter dó.

Venha, meu bem, há espaço para você também. Deixe que segure a sua mão, passe meus dedos pelos seus cabelos, sussurre uma palavrinha de amor, que o ponha no colo, que o cubra de beijos, que divida com você a minha melancolia, que cuide um pouco da sua.

Não, meu bem, nós não somos loucos. Nem seremos melancólicos, apesar da nossa melancolia. Não teremos curadores e tutores, apenas um ao outro, se assim desejar.... 




Distância - 6km

Que distância pobre essa
Que a importância esqueceu
Enquanto via fotografias
Antigas, de quem se perdeu

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