terça-feira, 22 de abril de 2014

Ardendo

Olhos cravados no papel, enquanto as letras embaçadas se misturam. E antes que possa salvar a folha, pingam lágrimas borrando o lápis. E choro besta sem conseguir dizer o motivo. Estou cansada, o corpo dói, a cabeça dói, o peito arde.
Viver machuca. Amar tortura.

Eu amo. E não consigo me convencer a amar menos, amar com calma, amar com cautela. Eu amo com todo o meu ser. Se me machuco mais com isso? é um efeito colateral que acabo assumindo o risco de sentir. Mas gosto de sentir. E me arrependo amargamente de ter deixado de correr riscos no passado.

Eu amo, e amo muito! Amo aquele amor que faz as bochechas arderem, o coração disparar, as mãos suarem, os olhos brilharem ao menor sinal de respostas da pessoa amada. Tenho arrepios com lembranças e sonho acordada com o que nunca aconteceu. Amo um amor no flor da idade, desses de fim de tarde de verão.

Estou amando! e como é bom! Mas as lágrimas escorrem no papel. É que o amor é tanto que transborda...talvez eu seja pequena demais pra tanto amor...talvez não me ame assim...talvez...talvez fosse melhor esquecer tudo isso...seguir conselhos amigos e não me antecipar, ou simplesmente esquecer o que foi.

Não consigo. Ainda que não me ame como o amo, ainda que nada queira comigo, no momento... no momento amar me basta. E sigo amando, desse jeito de menina, desejando que seja feliz, com quem quer que seja. Claro, preferia que fosse feliz comigo, mas isso apenas posso desejar lá no fundo da minha pele branca.

Penso em beijos, abraços, palavras, mãos... penso, lembro, espero e me escorre um suor aflito na madrugada, de um calor sozinho e bom. O fogo me queima por dentro sem que eu possa dizer não.

Água fria, lápis e uma nova folha, é tempo de esperar que passe a paixão.



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